SinopseUm guia para os perplexos
Durante todo o período da escola e da universidade foram-me apresentados mapas da vida nos quais havia menos que um resquício de muitas das coisas com as quais eu mais me importava e que me pareciam extremamente relevantes para a condução da minha vida. Lembro-me de que vivi, durante muitos anos, em total atordoamento; e nenhum intérprete bondoso se aproximou para me ajudar. A sensação permaneceu até que deixei de suspeitar da sanidade de minhas percepções e comecei a desconfiar da integridade dos mapas. Os mapas produzidos pelo cientificismo materialista moderno ignoram todas as questões que realmente importam. Mais que isso, sequer sugerem algum caminho para uma resposta possível: negam a validade das questões. Quem pode nos guiar, ou ao menos apontar a direção que devemos seguir? Neste livro, vamos olhar para o mundo e tentar vê-lo por inteiro — o que se chama, às vezes, de “filosofar” — com o auxílio de um mapa que mostra onde estão as coisas; não todas, é claro, pois isso faria do mapa tão imenso quanto o mundo, mas as coisas mais notáveis, mais essenciais para a nossa orientação.
Não há nada mais difícil do que tornar-se criticamente consciente dos pressupostos do pensamento. Tudo pode ser visto claramente, exceto o olho pelo qual se vê. Todo pensamento pode ser examinado, exceto o pensamento através do qual o examinamos. É necessário um esforço especial — um esforço de autoconsciência; a façanha do pensamento que recua sobre si mesmo.
Uma observação atenta revela que a maioria de nós, na maior parte do tempo, comporta-se e age mecanicamente, como uma máquina. O poder exclusivamente humano da autoconsciência está desacordado, e o homem age como um animal — de maneira mais ou menos inteligente —, apenas em resposta às influências externas. É apenas quando o homem faz uso de seu poder de autoconsciência que ele se eleva ao nível de pessoa, ao nível da liberdade. Nesse momento ele está vivendo, e não sendo vivido.
Nenhum assunto poderia ser de maior interesse; nenhum assunto ocupa lugar mais central em todos os ensinamentos tradicionais; e nenhum assunto é mais negligenciado, mal compreendido e distorcido no pensamento do mundo moderno.
Tradução: Juliana Amato
Sobre o autor:
Ernst Friedrich Schumacher nasceu em Bonn, na Alemanha, em 1911. Em 1930 foi para a Inglaterra estudar economia no New College da Universidade de Oxford; em seguida, com apenas 22 anos, foi lecionar na Columbia University em Nova York. Insatisfeito com a teoria sem a prática, voltou logo para a Alemanha fazer negócios, trabalhar na agricultura e no jornalismo. Espantado com a ascensão do III Reich, regressou para a Inglaterra em 1937. Após a guerra, tornou-se consultor econômico da Comissão de Controle Britânico para a Alemanha (1946–1950), e depois consultor econômico do National Coal Board, cargo que ocupou pelos 20 anos seguintes. No início dos anos 50 visitou a Birmânia, e seu encontro com a abordagem budista da vida econômica o fez perceber como as atitudes econômicas são decorrências de premissas religiosas ou filosóficas, e que as ocidentais eram derivadas de pressupostos materialistas. Publicou suas idéias no famoso livro Small is Beautiful: A Study of Economics as if People Mattered (1973), no qual mostra por que a economia moderna é insustável e propõe soluções baseadas na busca pelo máximo bem-estar por meio do mínimo consumo. No leito de morte, em 1977, Schumacher entregou Um guia para os perplexos nas mãos de sua filha dizendo: “Foi para isto que toda a minha vida apontou”.
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